17º Ato/Post: AN AMERICAN WEREWOLF IN LONDON, JACK GOODMAN'S ACTION FIGURE Pág. II                                                                     

( 'Um Lobisomem Americano em Londres' )

A N Á L I S E   A D I C I O N A L

* Rick Baker (esq.) e Griffin Dunne.*


"A maquiagem é um processo de adição. É mais fácil fazer alguém mais gordo. É difícil fazê-lo mais magro porquê não podemos subtrair o que já está lá. E quando você se decompõe você fica esquelético. É bem difícil. O que fazemos é aumentar os ossos dando a aparência de oco. Mas fica grande, sabe? Então pensei: 'Por quê não fazer um fantoche?' Se fizermos um fantoche poderemos subtrair."
Rick Baker


 Rick Baker, que na época de 'A.A.W.I.L' era um jovem-talento na Indústria de Efeitos-Especiais e criação, tomou conhecimento da personagem de Griffin Dunne pelo roteiro do filme...

 Conforme visto anteriormente (vide 12º Ato/Post, de janeiro de 2015) Rick Baker conheceu John Landis durante as filmagens de Schlock (de 1973)...





 ... um filme de baixo orçamento dirigido por Landis. Durante as filmagens, Landis dividiu com Baker a idéia de um lobisomem quadrúpede, questionando-lhe como seria possível viabilizá-la e que pretendia começar a rodar sua idéia em breve, com Baker a bordo.
 Depois de passar por vários conceitos, Baker concluiu que a melhor maneira de fazê-lo seria um homem sobre um 'carro-relê', de forma que seus braços fizessem as vezes das patas dianteiras da criatura, enquanto as patas traseiras seriam próteses animadas por 'fantocheiros'. A isso tudo, combinaram-se ângulos fechados e seletivos de câmera dando a impressão de um animal único. Esse foi o princípio aplicado ao Hound from Hell em 'A.A.W.I.L':








 Isto posto, Baker foi a Landis pedir-lhe que acelerasse a contratação dos atores que interpretariam David Kessler e Jack Goodman, para que ele pudesse adiantar o fabrico dos moldes, contramoldes e próteses necessárias à produção dos efeitos-especiais e de maquiagem do filme.

 Como sabemos, os papéis couberam a David Naughton...




 ... e Griffin Dunne:




 A Dunne coube o papel de Jack Goodman - o visionário conceito de 'morto-vivo', conforme Landis o imaginara enquanto concebia o roteiro para 'A.A.W.I.L'. Nos extras da Edição Especial do 20º Aniversário de An American Werewolf in London (lançada no Brasil em 2002) Baker relembra: "No roteiro dizia que Jack, interpretado por Griffin Dunne, tem a garganta destroçada por esse lobo. Eu fiz como achei que se pareceria, que é esse enorme ferimento no pescoço e o rosto cheio de cicatrizes."




 E Baker prossegue: "o Griffin, no primeiro dia de testes, não ficou muito feliz. Eu acho que ninguém olharia para ele porquê ele parecia muito nojento - e estava mesmo."




 "As pessoas sempre se lembram do pedaço de carne que balança em seu pescoço, elas sempre o encaram." - Baker acrescenta: "Às vezes só o que você vê é aquele pedaço de carne balançando." 


* 'The Jack's Warning Sequence' ('A Sequência do Aviso de Jack', em português) - An American Werewolf in London 1981; Universal Pictures e PolyGram Filmed Entertainment.*
CONTÊM CENAS FORTES!


 O processo de 'decomposição' de Jack Goodman exigiu um grande esforço de criação (e recriação) de Baker e sua equipe: "Foram uma série de maquiagens diferentes. Ele ia decompondo-se, assim tínhamos de reesculpi-lo e fazer novas peças."





 Ao alcançarem a derradeira 'manifestação' de Jack Goodman (no cinema pornô, na Piccadilly Circus) Baker e sua equipe depararam-se com um problema: como maquilar Dunne de um jeito que ele se tornasse esquelético? A solução foi substituí-lo por um puppet: "Então eu fiz um molde do Griffin - uma versão em argila - esculpindo nos lugares certos, basicamente como seria o crânio de Griffin e assim fizemos uma personagem bem mais emaciada, com a 'cara da morte'. Na cena do cinema pornô ele é um fantoche e o Griffin o controla... manipulando a boca do fantoche enquanto lê suas falas."



*David's Undead Victims Sequence ('A Sequência das Vítimas Morto-Vivas de David', em português) - An American Werewolf in London 1981; Universal Pictures e PolyGram Filmed Entertainment.*
CONTÊM CENAS FORTES!




( 'Um Lobisomem Americano em Londres' )

D E   B A K E R   P A R A   B A K E R




 "Como acontece de tempos em tempos, An American Werewolf in London estipulou o padrão do que deveria ser um filme de monstro e como uma transformação deveria ser feita, e desde então todos os filmes fazem o que fizemos. Adoraria fazer uma transformação em um filme como esse novamente. Tiraria proveito, também, da tecnologia de computador. Acho que 'casando' as duas técnicas poderíamos fazer uma transformação excepcional. Espero ter a oportunidade de fazê-lo novamente."
Rick Baker


 Como é sabido, 'Um Lobisomem Americano em Londres' inaugurou a categoria de 'Melhor Maquiagem' no Oscar e foi a primeira estatueta na carreira de Rick Baker:




 De 1981 para cá, Baker ganhou sete Oscars na categoria (saiba-se: em 1988 por 'Um Hóspede do Barulho', em 1995 por Ed Wood, em 1997 por 'O Professor Aloprado', em 1998 por 'MIB - Homens de Preto', em 2001 por 'O Grinch', e em 2011, por 'O Lobisomem') além de duas indicações ao prêmio (em 2006 por Click e no ano seguinte por 'Norbit - Uma Comédia de Peso'). Baker também foi premiado com três prêmios BAFTA e um prêmio honorário Satellite Award: Nicola Tesla Award, em 2008.
 Contudo, talvez o mais emblemático destes prêmios seja o Oscar de Melhor Maquiagem de 2008 por seu trabalho em 'O Lobisomem' (no original The Wolfman) dirigido por Joe Johnston (de 'Capitão América: O Primeiro Vingador', de 2011) e estrelado pelo ator e produtor Benicio del Toro, pelo premiado ator britânico Sir. Anthony Hopkins e pela premiada atriz britânica Emily Blunt.
 The Wolfman é, por sua vez, um remake do clássico The Wolf Man, de 1941, dirigido por George Wagnner (1894-1984) com o roteiro do lendário Curt Siodmak (1902-2000) e estrelado por Lon Chaney Jr. (1906-1973), Claude Rains (1889-1967) e Bela Lugosi (1882-1956).
 'O Lobisomem' concedeu a Baker a (ansiada) oportunidade de 'casar' o melhor das consagradas técnicas de maquilagem com as mais modernas tecnologias em CGI. De fato, quando Johnston trouxe Baker para o projeto, o Grão-Mestre já sustinha certos preceitos para o filme. Primeiramente, Baker defendia que o conceito de lobisomem se mantivesse fiel ao original de 1941 (que fôra assinado pelo legendário Jack Pierce; 1889-1968):





 Saiba-se que Johnston, pelo contrário, transitara por vários conceitos de monstro que incluíam uma visão mais bestial, à semelhança do lobisomem de 'Um Grito de Horror' (Nota 5: inicialmente projetado pelo próprio Baker, vide 10º Ato/Post: THE HOWLING, THE ACTION FIGURE) antes de fechar questão com Baker. 
 Em segundo lugar, Baker fez questão de criar e desenhar a transformação de del Toro (produzida em CGI)...





 ... além do aspecto final do ator, criado à moda antiga, com próteses e maquilagem:




 Baker argumentou, na época, que os animadores de CG "não possuíam muito conhecimento de design."

 Assim - tal qual profetizara em 2001 - de uma bem equilibrada alquimia entre o trabalho prático e a CG, surgiu uma das mais "excepcionais" transformações do cinema:


* The 'I Will Kill All of You' Sequence ('A Sequência do Aviso do Vou Matar Todos Vocês', em português) - The Wolfman 2010; Universal Pictures.*
CONTÊM CENAS FORTES!


 Mesmo que The Wolfman tenha sido um fracasso comercial (Nota 6: o filme faturou $ 139.8 milhões de dólares contra $ 150 milhões de receita) ele consagrou, pela 7ª vez, o grandioso trabalho do Grão-Mestre Rick Baker, com o Oscar de 'Melhor Maquiagem' que ele próprio inaugurou em 1981.

 Quanto a An American Werewolf in London as notícias que chegam são inquietantes: o filme foi elencado para um remake! Em junho de 2009, foi anunciado que a produtora e distribuidora americana Dimension Films estava trabalhando com os produtores Sean e Bryan Furst (de 'Códigos de Defesa', de 2013) em uma refilmagem de 'A.A.W.I.L'. Sete anos depois (em novembro de 2016) o site Deadline.com anunciou que Max Landis, filho de John Landis, iria escrever e dirigir o filme...

 ... é esperar pra ver... : /


Pág. II

Nenhum comentário:

Postar um comentário