A L I E N S
V i d a !
" ( ... ) é a estrutura mais complexa que já fiz. "
Stan Winston
Reunidos os desenhos e projetos, de Cameron e Winston, chegara a hora de testar todas as idéias em um modelo concreto.
Ainda nos EUA, Winston e sua equipe manufaturaram um mock-up da Alien Queen - com dois operadores 'embutidos' em seu peito, afim de moverem os dois pares de braços ( os dois longos e os dois curtos ); a cabeça sustentada por um guindaste; e as pernas manipuladas por 'fantocheiros' - com espuma, cartolina, e 'sucata' de outras criações.
O modelo ( foto ) foi testado e posto à prova em vídeo, afim de observar-se sua operacionalidade, funcionalidade, e presença cênica. Uma vez aprovado o protótipo, o grupo voou para o Reino Unido - para os estúdios Pinewood - para a confecção do protótipo final.
A construção da Alien Queen definitiva principiou com a 'tiragem' de medidas; o esculpo...
... a arte-finalização de moldes; até a estruturação e mecanização de todas as partes do conjunto... A cabeça, por exemplo, era operada hidraulicamente...
... com 'canos' que ligavam o pescoço a um painel com manivelas, que podiam operá-la de forma eficiente e movê-la para qualquer dos lados; incliná-la; girá-la; abaixá-la ou eleva-la... Tratava-se de um dispositivo não apenas eficiente e funcional, mas também novíssimo (!) - revolucionário!!
Já os lábios, mandíbulas e 'língua' da criatura...
... eram operados por cabos e conduítes, tornando o conjunto um bloco mecânico-hidráulico- elétrico sumamente engenhoso...
Seguindo os desenhos e protótipos de Cameron e Winston - e, aproveitando a experiência com a 'Rainha Mock-up' - uma dupla de operadores instalava-se então na estrutura do tórax ( literalmente, uma 'caixa torácica )...
... afim de manipular, por dentro, os dois pares de braços da Alien Queen. James Cameron - em pessoa - coordenava-lhes os movimentos ( pedindo-lhes movimentos mais lentos ou rápidos, abertos ou fechados e, principalmente não repetitivos ou 'viciados', mas alternados ) afim de tornar o gestuário da 'Rainha Alien' o mais natural e realista possível.
Uma vez acomodados no busto da criatura, uma 'capa' rija - com relevo e pintura compatíveis com o restante do conjunto - era posicionada e fixada sobre eles, selando a caixa torácica:
Não obstante, as alongadas pernas da Alien Queen eram operadas por 'fantocheiros' que manipulavam-nas por meio de hastes.
O protótipo pronto - fuso de todas as suas partes e orquestrado por Cameron - resultava numa criatura de 4.5 metros ( 15 pés ) de altura...
... animada de maneira impressionantemente crível, pelo trabalho de 14, 15 ( até mesmo 16! ) operadores distintos com funções distintas!
Tão impressionante quanto a engenhosidade de Cameron e Winston, é a visão cênica do Diretor ( consagrado, em definitivo, por Titanic e Avatar ) de Aliens: ainda que tantos fossem os envolvidos na movimentação da criatura, usando hastes, cabos e fios ( sem mencionar que ela era sustentada por um guindaste ), Cameron usou um enquadramento de câmera e ângulos seletivos que tornaram-lhes - incrivelmente! - invisíveis ao público (!)...
Isso mesmo (!): nenhum efeito digital foi inserido, durante a pós-produção, para ocultar fios ou cabos (!!); o resultado, da movimentação da gigantesca Alien Queen pelo Set, foi inteiramente obtido com enquadramento de câmara, ângulos fechados e seletivos!
Contudo, tal qual os demais efeitos do filme, para um modelo em grande escala ( focado para certos tipos de takes ) havia também um modelo em escala reduzida, para sequências mais dinâmicas - como a 'Sequência no Ninho' e do embate contra Ripley e a Power Loader...
... uma 'Rainhazinha'...
A L I E N S
" Grandes coisas tem pequenos começos. "
* Referência à frase de David 8 ( Michael Fassbender ) em Prometheus, 2012. *
Mesmo sendo o modelo de Winston uma obra incrível de engenhosidade e engenharia, sua complexa operação, tamanho e peso tornaram-no inviável na execução de certas sequências - como a perseguição a Newt e Ripley pelos vaporosos corredores do 'Processador de Atmosferas', ou o embate ( titânico! ) entre a Alien Queen e a Power Loader a bordo do Sulaco...
Havia a necessidade de um modelo leve e operacional para os takes mais vibrantes, o que foi ( primorosamente, diga-se ) providenciado pela dupla Doug Beswick e Phil Notaro, em sua empresa em Los Angeles.
Notaro e Beswick ( também fabricantes do modelo em escala da Loader ) reproduziram o protótipo full scale na escala de 1:4, e os movimentos da 'Rainhazinha' dependiam de núcleos distintos de operadores trabalhando em uníssono.
A movimentação das pernas era feita por hastes e manipuladores sob o piso do Set, movendo-as por cortes horizontais ( fendas )...
... no chão.
No caso da 'Sequência do Corredor', nonde a sombra da gigantesca criatura tateia a escuridão no encalço de Newt e Ripley...
... os efeitos luminosos - de frente e de fundo - somados à fumaça, trataram de ocultar ( de maneira brilhante! ) as hastes que moviam, pé ante pé...
... a caminhada sinuosa da Rainha.
Uma nota interessante: o protótipo de Winston sustinha nos pés/patas da Rainha, protuberâncias na forma de 'saltos'; o que foi captado pelo modelo da McFarlane Toys...
... sobre o qual falarei em tempo. Esse detalhe incomum ( como também veremos mais a frente ) não repetiu-se em suas 'encarnações posteriores': Alien Ressurrection ( 1997 ) e Alien vs Predator ( 2004 ).
Não obstante, os movimentos dos pares de braços, pescoço, cabeça e mandíbulas...
... eram controlados em painéis, por um núcleo distinto de operadores...
... apartado no Set.
A 'Sequência do Ninho', nonde Ripley ( com Newt nos braços ) confronta o gigantesco 'Trono Biomecânico' da Alien Queen, com a própria em seu centro...
... foi supervisionada pelos irmãos Skotak e reunindo-se ambas as equipes, a britânica ( da Pinewood ) e a 'yankee'...
... e, como em outros efeitos, seu sucesso dependeu de um equilíbrio mui delicado entre os vários núcleos de produção e os vários efeitos... Aquecedores foram usados - em temperaturas bastante específicas - para gerarem os vapores vistos na sequência. O 'ovipositor' era operado por trás...
... afim de gerar os movimentos e ondulações necessárias ao take. Dentro dele, além de ovos de diversos tamanhos, consistências ( uns opacos e outros transparentes ) e pinturas ( uns brancos, outros amarelados ou ocres ), afim de transmitirem aquele ( específico! ) efeito de conteúdo interminável ( e, por certo, do próprio gigantismo do 'ovipositor' )...
... havia também um 'fantocheiro' para movê-lo. Sob o piso do cenário, oculto por espelhos, outro operador 'captava' os ovos tão logo saiam do 'ovipositor' e fixava-os no chão, afim de impedir que tombassem ou rolassem:
De tempos em tempos, ooze ( aquela 'gosma' ) era derramado sobre o conjunto, afim de renovar-lhe o aspecto luzidio e asqueroso, uma vez que escorria com grande facilidade, dissipando o efeito...
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