(respectivamente os filmes 'Enigma do Outro Mundo', de 1982, e 'A Coisa', de 2011)
SOB A LUZ DA CIÊNCIA
*Parte do elenco de The Thing (1982). Da esquerda para a direita Charles Hallahan (1943-1997), Clyde E. Bryan (1º Assistente de câmera), Kurt Russell, Donald Moffat (1930-2018), Peter Maloney, Raymond Stella (Operador de Câmera), David Clennon e Keith David.*
Primeiramente, seria necessário que a Coisa possuísse uma 'nano-identidade' (afim de preservar-lhe sua própria personalidade) e, ao mesmo, uma 'nano-memória' que pudesse preservar a 'receita' de cada organismo por ela assimilado, afim de que, toda vez que necessário o fosse, a Coisa pudesse evocar qualquer dessas múltiplas formas e conteúdos. Cabe pontuar que, ao menos em duas ocasiões em particular, a Coisa demonstrou sua (ou de outrem) inteligência! A primeira (seguindo a cadência dos fatos em ambos os filmes) em The Thing prequel quando, na forma do Sander-Thing pôs-se a operar a espaçonave alienígena. A segunda, já em The Thing, quando, sob a forma do Blair-Monster, começou a construir uma 'nave' recondicionando peças do helicóptero:
Em discordância, a assimilação da Coisa é um processo brutal - violento!
Se voltarmos ao ataque do Palmer-Thing, veremos que a Coisa enlaça o pescoço de Windows (sufocando-lhe) para, em seguida, abocanhar-lhe a cabeça com suas poderosas mandíbulas de osso, despedaçando-lhe o crânio e pulverizando seu cérebro...
Destruindo-lhe todas as memórias e funcionalidades do delicado sistema nervoso central.
Talvez, se houvesse concluído o processo de assimilação, o Windows-Thing seria, mui provavelmente, um retrato traumatizado - em choque - de seu original!
*Parte do elenco de The Thing (1982). Da esquerda para a direita Charles Hallahan (1943-1997), Clyde E. Bryan (1º Assistente de câmera), Kurt Russell, Donald Moffat (1930-2018), Peter Maloney, Raymond Stella (Operador de Câmera), David Clennon e Keith David.*
"Só se vence a natureza, obedecendo-a."
Sir. Francis Bacon, político, filósofo, cientista e ensaísta inglês (1561-1626)
Segundo a Ciência, podemos distinguir o argumento de The Thing - desde o conto "Who Goes There?" (1938), passando pelo cult-movie de John Carpenter (1982) até The Thing prequel (2011) - em duas perspectivas distintas: o impossível e o "concebível"...
Neste capítulo, eu vos convido a explorar a complexa biologia da Coisa de acordo com sua anuência (ou não) com as Leis, reconhecidas e consagradas, da boa e velha Biologia Terrena!
A ASSIMILAÇÃO
"Mas MacReady eu andei pensando: se uma partícula dessa coisa é o suficiente para tomar um organismo inteiro, então cada um deve fazer sua própria comida."
Fuchs (Joel Polis)
De fato, o processo denominado "assimilação" não é muito diferente - em tese - de uma infecção por micro-organismos; tais como vírus e bactérias...
Cabe pontuar-se inclusive, que a própria Dra. Lloyd fez, em The Thing prequel, essa comparação!
Em uma infecção, observamos um micro-organismo hostil 'violar' as células sadias de seu hospedeiro e, valendo-se de seus mecanismos internos, replicar-se à exaustão. O invasor multiplica-se até esgotar a célula sadia e, com a célula destruída (de dentro para fora), ele irrompe às centenas em busca de novas células sadias.
Em uma infecção generalizada, o invasor consome totalmente seu hospedeiro. O vírus Ebola, por exemplo, na fase mais aguda de sua infecção, satura totalmente os tecidos de seu hospedeiro, transformando-o em uma "bomba viral", na qual todos os fluídos corpóreos - sangue, suor e secreções - estão lotados de vírus!
Nesse sentido, uma única partícula de um organismo invasor é mesmo capaz de "tomar um organismo inteiro", como afirmou Fuchs.
COLÔNIA
"Vendo o Norris aqui, eu pensei que, talvez, cada parte dele fosse toda a Coisa. Cada pedacinho é um animal individual, com o desejo de proteger sua própria vida."
R. J. MacReady (Kurt Russell)
Como no item anterior, o conceito em The Thing não é desconhecido de nossa natureza - trata-se de 'colonialismo'...
Em uma colônia, cada indivíduo (que pode ser um organismo simples, como fungos, esporos ou bolor, ou um organismo complexo, como abelhas ou formigas) coopera e interage com o outro afim de promover a prosperidade do todo. Existem florestas temperadas e ilhas no Atlântico que são quase que inteiramente cobertas por um gigantesco 'tapete' de fungos - um macro-indivíduo composto por uma miríade de micro-indivíduos.
Dentre as formigas, abelhas e cupins, a sobrevivência da colônia é tão imperativa quanto a sobrevivência individual; e essa programação está incutida em todos os seus indivíduos - desde operárias, reis e rainhas. Se o bem do todo é imperativo contudo, isso não impede o bom e velho instinto de sobrevivência! Em casos específicos, o caos e a ameaça podem ser tão iminentes que, ainda que os indivíduos reconheçam - por omnisciência - a vital importância do coletivo, o pânico os conduz a seguirem seus próprios instintos de sobrevivência, levando a colônia a desmoronar-se...
CAMUFLAGEM
"Pode clonar células, mas não material inorgânico."
Dra. Kate Lloyd (Mary E. Winstead)
Pelo menos a Coisa é bem mais 'crível' que o T-1000 (de "O Exterminador do Futuro II: O Julgamento Final", de 1991) ou que os Skrulls (de "Capitã Marvel", 2019) que são capazes de copiar até roupas e sapatos!?!
Ainda que o conceito de clonagem seja restrito à esfera laboratorial (ou seja: com a interferência da Ciência Médico-Biológica) o conceito de "imitação" (mais brando) é familiar à Natureza: certos parasitas costumam eviscerar larvas ou insetos para habitar dentro de suas carcaças, afim de confundir o sistema imunológico de seus hospedeiros. As larvas de certas vespas parasitas costumam disfarçar-se de corpúsculos de seus hospedeiros afim de crescer à margem de uma resposta imunológica efetiva.
Esse cenário está em consonância com as especulações da Dra. Lloyd em The Thing prequel: "Ela (a Coisa) ataca a presa. Copia-a perfeitamente e depois se esconde dentro dela."
Ainda que o conceito de clonagem seja restrito à esfera laboratorial (ou seja: com a interferência da Ciência Médico-Biológica) o conceito de "imitação" (mais brando) é familiar à Natureza: certos parasitas costumam eviscerar larvas ou insetos para habitar dentro de suas carcaças, afim de confundir o sistema imunológico de seus hospedeiros. As larvas de certas vespas parasitas costumam disfarçar-se de corpúsculos de seus hospedeiros afim de crescer à margem de uma resposta imunológica efetiva.
Esse cenário está em consonância com as especulações da Dra. Lloyd em The Thing prequel: "Ela (a Coisa) ataca a presa. Copia-a perfeitamente e depois se esconde dentro dela."
ALÉM DA IMAGINAÇÃO
"Poderia ter imitado um milhão de formas de vida em milhões de planetas. Pode transformar-se em qualquer delas quando quiser. Agora ela quer formas de vida da Terra."
Fuchs (Joel Polis)
É a partir desse ponto que a Coisa extrapola o "concebível" pela Ciência...
Primeiramente, teríamos que conceber que cada partícula da Coisa possua bem mais do que apenas "o desejo de proteger sua própria vida", mas sim uma espécie de 'nano-inteligência', 'nano-consciência' e 'nano-comunicação'; sem as quais o processo de "assimilação" - conforme denominado na simulação do Dr. Blair (Wilford Brimley) - não seria possível:
*Dr. Blair checks the computer ('Dr. Blair vendo o computador', em português) - The Thing 1982; Universal Pictures.*
Primeiramente, seria necessário que a Coisa possuísse uma 'nano-identidade' (afim de preservar-lhe sua própria personalidade) e, ao mesmo, uma 'nano-memória' que pudesse preservar a 'receita' de cada organismo por ela assimilado, afim de que, toda vez que necessário o fosse, a Coisa pudesse evocar qualquer dessas múltiplas formas e conteúdos. Cabe pontuar que, ao menos em duas ocasiões em particular, a Coisa demonstrou sua (ou de outrem) inteligência! A primeira (seguindo a cadência dos fatos em ambos os filmes) em The Thing prequel quando, na forma do Sander-Thing pôs-se a operar a espaçonave alienígena. A segunda, já em The Thing, quando, sob a forma do Blair-Monster, começou a construir uma 'nave' recondicionando peças do helicóptero:
Se partirmos do tamanho de uma única célula, de 10 a 50 micrômetros (Nota 7: de 0.01 a 0.05 milímetros), onde a Coisa consegue armazenar tanto conhecimento, expertise e informação genética?
Devemos considerar que o 'nano-conteúdo' da Coisa compõe-se - além de toda a sua própria aparência e essência 'pura' - de uma vasta memória de todas as múltiplas combinações gênicas de cada organismo que ela "assimilou" (ou seja: a aparência de cada criatura por ela assimilada no Cosmo) e de uma (ainda mais) vasta memória para as suas diferentes personalidades, intelectos e comportamentos (ou seja: a essência de cada uma delas); e tudo isso coexistindo de forma teleológica dentro do microscópico espaço de uma célula?!?
Mesmo para o conceito de nanotecnologia (vide 6º Ato/Post: The Marvel's 1ª Parte - The Iron Man, Sob a Luz da Ciência; de junho de 2013) - o que nos levaria à crença que a Coisa não é um organismo, mas uma espécie de "colônia de nanobôs" programada para assimilar outras formas de vida - uma instrução tão complexa quanto a montagem e remontagem de um organismo e de toda a sua 'alma', seria impraticável em um ponto de vista tão reduzido.
E, mesmo para um nanobô, haveria um limite para o quanto ele poderia se auto-replicar, consumindo nano-matéria alheia, além de um limite para o quanto de instrução genética (a 'receita' do indivíduo) e o quanto de memórias e know-how ele poderia incorporar à sua própria programação.
Estaríamos falando portanto, de consciência e funções sediadas em um nível subatômico, o que extrapola nossa compreensão de vida...!
Mas não para por aí!
Vamos nos concentrar no ataque do Palmer-Thing (David Clennon) a Windows (Thomas G. Waites) em The Thing:
Mesmo que ainda não compreendamos totalmente o processo de construção de nossas personalidades (o quanto de nós é geneticamente determinado e o quanto é socialmente construído) ou como nossas memórias e pensamentos são caracterizados (se são impulsos elétricos ou secreções em nosso cérebro) há um limite para a quantidade de informação que nossas células armazenam sobre nós...
Se há um 'molde' nosso armazenado na genética de nossas células, detalhes como idade atual, peso, comportamento, cicatrizes, penteado, filme favorito (no meu caso é The Thing, 1982), etc, etc; não estão armazenados lá!
Então, como a Coisa é capaz de replicar nosso comportamento, tom de voz, maneirismos, etc; tal qual o faz com nossa aparência, baseando-se apenas em nossa genética??
Não obstante, o processo de aquisição de nossa essência deveria (deveria) ser um processo lento e delicado...
Ainda que nossos pensamentos, sonhos e memória tivessem um local físico claro em nossos cérebros - um lugar que pudesse ser 'acessado', como David 8 (Michael Fassbender) fez com a Dra, Shaw (Noomi Rapace) em seu sono criogênico em Prometheus (idem, 2012)...
Mesmo para o conceito de nanotecnologia (vide 6º Ato/Post: The Marvel's 1ª Parte - The Iron Man, Sob a Luz da Ciência; de junho de 2013) - o que nos levaria à crença que a Coisa não é um organismo, mas uma espécie de "colônia de nanobôs" programada para assimilar outras formas de vida - uma instrução tão complexa quanto a montagem e remontagem de um organismo e de toda a sua 'alma', seria impraticável em um ponto de vista tão reduzido.
E, mesmo para um nanobô, haveria um limite para o quanto ele poderia se auto-replicar, consumindo nano-matéria alheia, além de um limite para o quanto de instrução genética (a 'receita' do indivíduo) e o quanto de memórias e know-how ele poderia incorporar à sua própria programação.
Estaríamos falando portanto, de consciência e funções sediadas em um nível subatômico, o que extrapola nossa compreensão de vida...!
Mas não para por aí!
Vamos nos concentrar no ataque do Palmer-Thing (David Clennon) a Windows (Thomas G. Waites) em The Thing:
*The Blood Test ('O teste do Sangue', em português) - The Thing 1982; Universal Pictures.*
CONTÊM CENAS FORTES!
Mesmo que ainda não compreendamos totalmente o processo de construção de nossas personalidades (o quanto de nós é geneticamente determinado e o quanto é socialmente construído) ou como nossas memórias e pensamentos são caracterizados (se são impulsos elétricos ou secreções em nosso cérebro) há um limite para a quantidade de informação que nossas células armazenam sobre nós...
Se há um 'molde' nosso armazenado na genética de nossas células, detalhes como idade atual, peso, comportamento, cicatrizes, penteado, filme favorito (no meu caso é The Thing, 1982), etc, etc; não estão armazenados lá!
Então, como a Coisa é capaz de replicar nosso comportamento, tom de voz, maneirismos, etc; tal qual o faz com nossa aparência, baseando-se apenas em nossa genética??
Não obstante, o processo de aquisição de nossa essência deveria (deveria) ser um processo lento e delicado...
Ainda que nossos pensamentos, sonhos e memória tivessem um local físico claro em nossos cérebros - um lugar que pudesse ser 'acessado', como David 8 (Michael Fassbender) fez com a Dra, Shaw (Noomi Rapace) em seu sono criogênico em Prometheus (idem, 2012)...
... 'decodificá-lo' seria um processo extremamente delicado, lento e gradual - talvez como no clássico "Invasores de Corpos" (Invasion of the Body Snatchers, 1978), dirigido por Philip Kaufman e estrelado por Donald Sutherland e grande elenco, nonde flores alienígenas drenam, de forma lenta a gradual, o aspecto e a essência de suas vítimas durante o sono REM:
*Wake the Others! ('Acorde os Outros', em português) - Invasion of Body Snatchers 1978; United Artists.*
CONTÊM CENAS FORTES!
Em discordância, a assimilação da Coisa é um processo brutal - violento!
Se voltarmos ao ataque do Palmer-Thing, veremos que a Coisa enlaça o pescoço de Windows (sufocando-lhe) para, em seguida, abocanhar-lhe a cabeça com suas poderosas mandíbulas de osso, despedaçando-lhe o crânio e pulverizando seu cérebro...
Destruindo-lhe todas as memórias e funcionalidades do delicado sistema nervoso central.
Talvez, se houvesse concluído o processo de assimilação, o Windows-Thing seria, mui provavelmente, um retrato traumatizado - em choque - de seu original!
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