Novo // New /// Nuevo: Iron Man 3 ( 2013 ): Pag.12       
T H E  I R O N  M A N
( 'O  Homem de Ferro' )

S O B  A  L U Z  D A  C I Ê N C I A:

A  A R M A D U R A



 " Metal maleável não consegue ser à prova de balas. A armadura acabaria se rasgando. "
Prof. Sérgio Massaro, da Universidade de São Paulo ( USP ), à Revista Super Interessante ( 1993 )



 Sob a frívola ótica das Ciências ( Física, Química, etc; ) The Iron Man/O Homem de Ferro é muita fantasia - a começar por sua famosa armadura...!

 Nosso corpo - cabeça, tronco abdômen, braços e pernas - é um conjunto ímpar de estruturas rijas ( ossos ), semi-rijas ( músculos ) e moles ( tecidos ), cuja resultante é uma 'máquina' de grande elasticidade: podemos mexer a cabeça para a direita e/ou esquerda por meio do pescoço; tocar os dedos dos pés com os dedos das mãos, por meio da elasticidade dos membros e abdômen... Ao nos revestirmos com titânio e ouro, nos 'engessamos' - literalmente! - pondo fim a muito de nossa mobilidade. Como disse o próprio Don Cheadle:





" Quando estava de armadura, mau conseguia tocar meu próprio nariz. "


 Ademais a dificuldade de nos movermos - o simples ato de caminhar envolve o uso da musculatura dos pés, pernas, joelhos, coxas e quadris ( apenas citando os principais conjuntos ) - há de considerar-se o enorme peso dos materiais que compõem a armadura do Iron Man/Homem de Ferro.
 Mesmo com o uso da mecatrônica ( dispositivos, estruturas e subestruturas robotizados ) o ato - simples - de caminhar já é custoso, que dirá com a enorme desenvoltura que vemos na trilogia Iron Man/Homem de Ferro.


P R O P U L S Ã O,  V O O  &  M A N O B R A S  I M P O S S Í V E I S



 Na qualidade de 1ª ( e imediato! ) obstáculo para voo do traje do Iron Man/Homem de Ferro está na sua propulsão...

 Consideramos, usualmente, dois mecanismos de propulsão: hélices, no caso dos helicópteros...


*Helicóptero modelo AH-1 'Cobra'.* 


 ... o que não parece ser o caso do protótipo de Stark; e turbinas, como é o caso dos aviões e caças supersônicos...


*Caça modelo F-4 'Phanton' II.*


 No segundo caso, caças e afins geram energia para sua propulsão mediante a queima de algum combustível e, para tanto, precisam acomodar em sua estrutura, espaço para tanques - o que não vemos na estrutura de nenhuma das armaduras de Stark...
 Outro problema a observar-se, vem do momento em que Stark utiliza os 'repulsores' em suas luvas para descargas de energia:




 Um 'tiro' de equivalente potência a partir do centro das palmas das mãos de um homem, teria efeitos desastrosos para ossos e músculos das mãos, pulsos, antebraços, braços, ombros, e por fim coluna vertebral do mesmo.
 Por fim, vemos Stark realizando voos parabólicos; superando a velocidade de dois F-22 'raptors' (!); emergindo das profundezas do oceano para os céus ( no início de The Avengers/Os Vingadores e, novamente, agora em Iron Man 3 )com extremas facilidade e versatilidade... Porém, quaisquer dessas manobras - tais como vistas nos filmes - seriam fatais ao corpo humano! Para voar em grandes altitudes é preciso oxigênio ( para contrabalançar o ar sumamente rarefeito ) em quantidade - e não vemos tubos de oxigênio na armadura - sem contar que manobras drásticas em velocidade supersônica...




 ... teriam consequências catastróficas em nosso ouvido interno e cerebelo ( que regulam nosso senso de direção e mobilidade )... Ademais, mergulhar até o fundo do mar, nonde a pressão atmosférica é hercúlea, e depois emergir instantaneamente - sem a paulatina descompressão - geraria embolia ( criação de bolhas de ar em veias e artérias ) imediata, fazendo nossos corações, pulmões e cérebros literalmente explodirem!

 Contudo, se movermos o ponteiro da escala do real, palpável, concreto e operacional, suavemente na direção do 'concebível'; poderíamos pensar no modelo de propulsão de Stark como 'propulsão por eletro-magnetismo', que é o sistema de navegabilidade, propulsão e velocidade usualmente associado aos OVNIS ( Ufos ) pelos estudiosos do tema.
 Nesse princípio, ao invés do uso da explosão ( no caso das turbinas dos aviões ) ou de hélices ( no caso dos helicópteros ), usar-se-ia algo como a 'polarização' ( inversão de polos positivo e negativo para a repulsão ) para erguer um objeto mais pesado que o ar...




 ... e manobrá-lo. 
 O problema nesse princípio ( que é o mesmo no que tange aos OVNIS ) é a quantidade impensável de energia para acioná-lo, mantê-lo e manobrá-lo - alta demais para um reator tão pequeno quanto o 'Arc'/Unibeam!
 Outro ponto a ser revisto é que essa propulsão seria totalmente silenciosa ( exceto, talvez, por um 'zumbidinho'; mui parecido com o de uma lâmpada elétrica acesa ), pois não há choque entre as partículas do ar, e sim a inversão da gravidade ( que nada mais é que a manifestação do campo magnético da Terra ).


A S  A R M A S




 Quanto ao vasto e reduzido arsenal de Tony Stark, são vários os problemas...

 O primeiro deles é, inevitavelmente, o acréscimo de peso dos dispositivos à já pesada estrutura do traje: mísseis possuem, além de suas ogivas com explosivos, combustível ( para propulsão ), sistemas de direcionamento e lastros, o que implica numa série de dispositivos que somam peso. Lasers possuem sistemas de transmissão de luz, lentes e cristais, e isso irá aumentando o peso da armadura e, consequentemente, o volume do traje para acomodar todos esses dispositivos.

 Ademais, imagine-se a monstruosa quantidade de energia para fazer tudo isso funcionar...!

 Devemos considerar também que mísseis tem dispositivos de precisão e navegação, e miniaturizá-los ( conforme vemos nos filmes ) seria bastante difícil... Um outro ponto é que dispará-los, afim de obter-se precisão no atingimento do alvo, requereria bases fixas afim de suportarem seus enormes 'coices'. Se disparados dalgo flexível ( como o antebraço de Stark, por exemplo ) não só custaria a precisão dos dispositivos, como também poderia causar sérios danos aos ossos e músculos do herói.
 Um último problema seria que, ainda que toda essa tecnologia fosse possível, com tanto armamento agregado à periferia do corpo do piloto, qualquer impacto poderia detonar todo o armamento, explodindo-o e ao próprio Stark...!

 Contudo, se o conjunto completo não é viável ( pelo menos não ainda! ), hão protótipos de armaduras ( em verdade 'exoesqueletos' ou próteses de tecnologia )  como a do Iron Man/Homem de Ferro em testes, visando auxiliar o homem em tarefas que demandem força e longevidade; um dos mais promissores é o Human Universal Load Carrier ( em port. 'Carregador Universal Humano' ), mais conhecido como 'RULK':




 ... uma superestrutura que visaria tornar mais fácil o deslocamento dum soldado em campo, com cargas demasiadamente pesadas ou desajeitadas, como mochila, armas e acessórios...




U M  N O V O  E L E M E N T O?
Sim & Não

*O Paládio, presente no reator 'Arc' no peito de Stark, segundo a Tabela Periódica.*


 Sim, é possível criar-se um novo Elemento Químico...

 A criação de um novo elemento é uma tarefa relativamente simples, se reunirmos alguns elementos-chave. Em primeiro lugar, precisaria-se de um equipamento que pudesse unir dois ou mais átomos em um único - um acelerador-colisor de partículas, por exemplo... engenho mui semelhante ao montado e operado por Stark no filme:





 A mais famosa dessas máquinas atualmente é o Grande Colisor de de Hádrons...




 ... localizado em um túnel de 27 Km de circunferência, bem como a 175 metros abaixo do nível do solo, na fronteira franco-suíça, próximo a Genebra ( Suíça ), cujas resultantes tem oferecido aos físicos esclarecimentos cada vez maiores sobre o comportamento de partículas e sub-partículas na escala quântica.
 Em segundo lugar, é necessário possuir-se amostras 101% puras dos elementos que vá-se combinar, afim de evitar que 'impurezas' alterem os resultados... Em Iron Man 2 vemos Stark manipulando uma peça dum metal, desconhecido e refratário... 





 ... enquanto outro, na forma dum triângulo invertido...





 ... aguarda em separado.
 Por fim, para criar um novo elemento será necessário unir-se os dois átomos distintos em um novo ( estável e duradouro ) e, para tal, é mister utilizar elementos que, somados seus números atômicos, resultem num número que não esteja na Tabela Periódica; do contrário, estar-se-ia apenas reproduzindo artificialmente um elemento já existente... Exemplo: se somados o Cobre ( nº 21 na Tabela Periódica ) com o Flúor ( nº 9 ), o resultado será o elemento de nº 30 ( 21 + 9 ) que já existe ( é o Zinco ). Porém, se somados o Nobélio ( nº 102 ) com o Níquel ( nº 28 ), criaríamos o elemento de nº 130 ( 102 + 28 ) que ainda não existe...!
 Oficialmente, conhecemos 112 Elementos Químicos na atualidade, sendo que, dentre eles, 91 são naturais ( encontradiços na Natureza ) e 21 são artificiais. Os elementos com número atômico superior ao do Urânio ( Z > 92 ) são todos artificiais!
 Em setembro de 2012, cientistas japoneses anunciaram a criação, em laboratório, de um Elemento Químico de nº 113 ( que faltava na Tabela Periódica ). O anúncio foi divulgado no Journal of Physical Society of Japan.

... e Não, não é possível fazê-lo como Stark o fez...

 Ainda que dispusesse de um modelo, legado por seu pai, Howard Stark...




 ... no que, pelo que o filme sugere, foi o trabalho de uma vida inteira de pesquisas e cálculos, seria virtualmente impossível sintetizá-lo assim, de maneira artesanal ( em casa! ) e obtendo-se um resultado de imediato (!!) logo de primeira (!):




 Um acelerador-colisor de partículas é uma máquina complexa ( até perigosa! ) e, para a obtenção de resultados, Tony teria de realizar uma miríade de cálculos; pesquisar físico-quimicamente uma vasta gama de Elementos Químicos, até eleger os mais apropriados; e, de quebra, obter-lhes amostras com elevadíssimo grau de pureza...!

 Isso tudo só pra começar!!

 Ao contrário do que o filme sugere... é uma tarefa demasiado mais complexa do que parece e, para tal, improvisações não são cogitáveis: 




O  E X T R E M I S 
Possível, mas...



 " Muitas pessoas, inclusive eu, sentem bastante náuseas sobre as consequências dessa tecnologia. "
Dr. Eric Drexler ( o 1º cientista a doutorar-se em nanotecnologia pelo MIT )


 A nanotecnologia é o estudo da manipulação da matéria numa escala atômica e molecular...

 Geralmente, a ciência lida com estruturas com medidas entre 1 a 100 nanômetros ( para se perceber o que isto significa, considere uma praia de 1000 Km de extensão e um grão de areia de 1 Mm; este grão está para a praia como 1 nanômetro está para o metro ) em, ao menos, uma dimensão; e inclui o desenvolvimento de materiais ou componentes associados a diversas áreas ( como a Medicina, a Eletrônica, a Física e a Engenharia dos Materiais ) de pesquisa e produção em Escala Nano. O princípio básico da nanotecnologia é a construção de estruturas e novos materiais a partir dos átomos. É uma área promissora, mas que dá apenas seus primeiros passos!
 O conceito da nanotecnologia foi popularizado, nos anos 80, pelo Dr. Eric Drexler ( foto ), por meio de seu livro Engines of Creation...




 ... ou 'Motores da Criação', em português.
Embora contenha algumas especulações próximas da ficção-científica ( que serviram de base não apenas para o 'Extremis' de Ellis, mas também - como veremos - para outros roteiristas e argumentistas da ficção ), o livro baseou-se em um trabalho sério desenvolvido pelo Ilmo Dr. acerca do tema.
 A 'Pedra Fundamental' da nanotecnologia drexleriana ( e objeto desta analise ) é o 'Montador Universal' ( TCC 'Nanoassem' ), um dispositivo capaz de, sob instruções de um programador humano, construir átomo a átomo, qualquer coisa concebível à mente humana. Drexler traçou uma visão longínqua da nanotecnologia, prevendo o aparecimento de nanodispositivos de regeneração molecular, capazes de garantir a regeneração e/ou cicatrização de quaisquer ferimentos...! É o princípio do dispositivo visto em Jason X ( de 2001 ) que é capaz de regenerar quaisquer lesão e, como visto no filme, reconstruir o Jason Voorhees despedaçado afim de criar - literalmente - uma melhor e indestrutível 'máquina de matar':








 Ao concebermos que um 'Montador Molecular' é capaz de organizar átomos e moléculas de acordo com programação prévia, devemos considerar que, para a tarefa, são necessários - basicamente - três elementos: energia, matéria-prima ( que, no caso do 'Extremis' de Ellis, seriam as proteínas corpóreas ), e uma programação prévia, afim de mobilizar o ( s ) montador ( es ).
 No caso particular do 'Extremis', um conjunto de 'Nanoassens' seria injetado no corpo da cobaia humana e, sob instruções prévias, decomporiam-na para depois recomporem-na modificada - melhorada...!
 É possível, contudo, conceber que apenas um 'Nanoassem' construa outro e mais outro, replicando-se e reproduzindo-se de forma semelhante aos seres vivos. Uma vez construído o primeiro 'Montador Molecular', ele poderia se reproduzir várias vezes até alcançar o número necessário para executar uma tarefa, como, por exemplo, construírem vária 'toneladas' de nanomaterial que, multiplicado 'N' vezes, formaria milímetros e centímetros de matéria visível. Esta capacidade de reprodução é uma das grandes vantagens de um 'Nanoassem'...

 ... e, ao mesmo, um de seus maiores riscos...!

 'Nanoassens' poderiam reproduzir-se descontroladamente e ameaçar a Humanidade de forma semelhante à grandes pandemias... No cenário apocalíptico, a Terra poderia ser integralmente colonizada e consumida pelos 'Montadores Moleculares', extinguindo toda a vida humana, animal e vegetal, do planeta; restando apenas uma enorme massa cinzenta fuliginosa batizada de 'greygoo'. Uma leitura eficiente desse cenário deu-se na nova versão do clássico 'O Dia em que a Terra Parou' ( de 2008 ), nonde o alienígena 'Klaatu' ( papel de Keanu Reeves ) 'detona' esse processo a partir de seu androide:








 Porém, a construção de um 'Nanoassem' ainda está longe de ocorrer...! Existe uma miríade de problemas em se manipular e trabalhar com as partículas necessárias à construção de um 'Montador Molecular'. Além disso, é difícil modelar o comportamento de objetos complexos em Escala Nanométrica, que obedeçam às disposições quânticas.
 Entretanto, após um levantamento sumário em periódicos sobre nanotecnologia, descobri alguns produtos, frutos dessa tecnologia, que já encontram-se no mercado: tecidos resistentes a manchas e que não amassam; capeamento de vidros e aplicações anti-erosão a metais; 'screening', um material para proteção contra raios ultravioleta; nano-cola, capaz de fundir quaisquer materiais; pó antibactérica e revestimentos anti-mofo e anti-poeira ( muito usados em aparelhos de DVD ); cateteres, válvulas cardíacas, marcapassos e implantes ortopédicos; microprocessadores, chips e afins.


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