O  D I R E T O R 




 Ridley Scott ( foto ) aceitou prontamente o projeto de Alien 1979, rascunhando então um conjunto detalhado de storyboards que preconizavam 'sua visão', de gigantismo e grandiosidade...



 ... que o filme, certamente, viria a ter...



 O conjunto - a 'visão particular' - de Scott impressionou tanto aos executivos da Fox, que eles concordaram em dobrar a receita do filme, fazendo-a saltar para U$ 8.4 milhões de dólares!
 O' Bannon apresentou então a Scott a arte de Giger, que foi imediatamente aceita! Gordon Carroll, da Brandywine, recordaria: " No primeiro instante que Ridley viu o trabalho de Giger, ele soube que o maior problema de design único, talvez o maior problema do filme, havia sido resolvido. "
 Scott vôou para Zurique afim de encontrar e recrutar Giger...



 ...  incumbindo-o de 'cobrir' todos os aspectos alienígenas do filme: 'seu' planeta, a nave abandonada e afins; além de seus quatro aspectos - do ovo à fase adulta.
 O' Bannon incumbiu então Ron Cobb...



 ... e Chris Foss...



 ... dos aspectos do Nostromo e dos trajes ( espaciais e civis ) da tripulação; respectivamente.

 Alien 1979 enfim decolava...


Alien 1979 - Gênesis...


 Com apenas sete personagens humanos na história, Scott procurou contratar atores talentosos afim de poder concentrar-se o mais possível nas dimensões visuais do filme.



 Ao elencar um grupo mais 'maduro' ( salvo por Veronica Cartwright, com, há época, 29 anos, e Sigourney Weaver, com 30, os demais atores tinham idades entre 40 e 50 anos ) de protagonistas, Scott quebrava um paradigma para filmes no gênero ( que sempre centralizavam idades 'na casa dos 30' ) além de emprestar ao filme maior credibilidade, uma vez que os tripulantes do Nostromo não eram aventureiros ou mesmo pesquisadores - nem mesmo vanguardistas do espaço! - mas sim operários a serviço de uma companhia,  para transportar uma carga de minério processado. O espaço, perdera assim seu 'ar romântico', afim de tornar-se um mero negócio...!
 Uma vez que tanto O' Bannon quanto Shusett houvessem concentrado-se mais no monstro que nos tripulantes, os papéis humanos eram vagos e imprecisos, o que levou Scott a escrever várias páginas de história de fundo para ajudar aos atores na criação de suas personagens, além de realizar baterias de testes de câmera e encenação, para torná-los ainda mais concretos e críveis!
 Alien 1979 foi filmado ao longo de 14 semanas ( de 5 de julho a 21 de outubro de 1978 ) e, a principal estratégia de sua direção foi dividir sua produção em 'nichos', que interligavam-se no visionarismo de Scott, Cobb e Giger, e nos produtos e subprodutos deste.
 Ron Cobb criou centenas e esboços preliminares, do interior e exterior, do Nostromo ( cujo nome advém do romance de Joseph Conrad, de 1904 ), perpassando por vários conceitos de design e da dinâmica com Scott, até alcançar sua forma definitiva - um cabo de 240 metros ( 800 pés ) de comprimento e uma plataforma de refino com 3.2 Km ( 2 milhas ) de comprimento e 2.4 Km ( 1.5 milhas ) de largura. 
 Cobb foi muito elogiado por sua capacidade de descrever as características do Nostromo de forma eficiente e crível.
 Tendo, conceito e formas, em mente, seguiu-se o fabrico de modelos em escala - três modelos ( de diferentes tamanhos e propósitos ) forma produzidos: uma versão de 30 centímetros, para takes de média e longa distância; uma versão de 1.20 metro, para takes por trás; e uma versão de 3.7 metros, para as sequências de separação do 'módulo' e para a ação na superfície do planeta...



 Outro protótipo - um 'trem de aterrissagem' - de 18 metros, foi produzido para a sequência de embarque e desembarque da 'expedição de Dallas'...



 ... contudo, Scott queria mais - redimensionar o tamanho do Nostromo aos olhos do público (!) e, para tal, valeu-se de um recurso bastante simples ( já usado em 'Tubarão', de 1975 ): usou três crianças ( seus dois filhos e o filho de um dos cinegrafistas ) com réplicas dos trajes de astronauta de Skerritt, Hurt e Cartwright;  aumentando assim o gigantismo do Nostromo.
 Originalmente, tanto o Nostromo quanto o módulo de fuga eram amarelos...



 ... talvez para transmitir a idéia de veículos de uso pesado, como tratores e escavadeiras, mas Scott vetou a idéia, reivindicando-lhes a cor cinza, tornada definitiva.
 Para dar ao gigantesco modelo ( fixado sobre um set ) a sensação de movimento, de forma barata e eficiente, Scott valeu-se de um recurso mui engenhoso: filmou-o movendo a câmera a captar-lhe a imagem em baixa velocidade - na média de 2 quadros por segundo e meio - e, ao reproduzir-se o produto final, lá estava a sensação do devir, lento e pesado, do Nostromo. Afim de incrementar a ilusão, vento e fumaça foram 'soprados' contra a grande maquete.
 A equipe de criação ( que susteve uma relação tensa com o Diretor ) construiu as linhas básicas do rebocador com madeira e plástico, incrementando-o, posteriormente, com peças extraídas de kits de navios de guerra, tanques e bombardeiros da 2ª Guerra Mundial. 
 Até kits ferroviários foram usados!?! O 'Braço de Ancoragem' ( que anexa o rebocador á carga ) por exemplo...





 ... foi montado a partir de um ferrorama!
 Uma equipe de mais de 200 técnicos e operários desdobrou-se na construção dos interiores do Nostromo, secções e compartimentos ( além de dois outros sets: o planeta alienígena e a nave alienígena abandonada ) - em verdade, três plataformas ( fusas, praticamente, numa só peça ) com secções e ambientes distintos, interligadas por corredores pelos quais os atores deslocavam-se, o que aumentava o 'efeito claustrofóbico'.
 Cobb inseriu o conceito do uso de transistores, cabos, painéis com 'leds', monitores e e teclados antigos...



 ... para imprimir ao Nostromo o aspecto de algo que, embora avançado e em uso, tenha sido reformado, valendo-se de 'sucata' ou tecnologia antiga - algo que qualquer morador da cidade de São Paulo ( Brasil ) conhece bem, toda vez que tem de usar trens para locomover-se!
 O Diretor de arte Roger Christian valeu-se, realmente, de 'sucata' - tal como partes de aviões bombardeiros desmanteladas - para criar os corredores e, em um ou outro ponto da filmagem, de espelhos, para dar a ilusão de extensão ou de plataformas inferiores.
 Muito embora seja reconhecida por 'Weyland-Yutani' somente a partir de 'cutscenes' em Aliens ( 1986 ), e sendo mensurada apenas como 'a Companhia' na película de 1979, o nome da empresa, proprietária do Nostromo, já surgia no original de Scott por meio de um recurso bastante sutil de Cobb: seu 'logo'... presente nos uniformes, nos monitores de computador, e até em copos ou latas em uso no filme. Cobb inventou a 'WY' concebendo uma fusão entre uma empresa britânica 'Weyland' ( nome derivado da 'British Leyland Motor Corporation' ) e uma japonesa Yutani ( nome advindo de um japonês, vizinho dele próprio ).
 Em contrapartida, Giger concebeu todos os aspectos 'extraterrestres' do filme; e o fez compondo estruturas ósseas e esponjosas, orgânicas e biomecânicas, afim de contrastá-las com os elementos rijos e industrializados do Nostromo e de sua tripulação.
 O set do planeta alienígena - inominado no filme, porém mensurado, nalguns rascunhos do roteiro como 'Acheron' ( mit. grega: afluente do principal rio do inferno, o 'Styx', descrito como 'fluxo da angústia' ) e, posteriormente, como LV-426 ( em Aliens ) - foi montado usando-se toneladas de areia, gesso, fibra de vidro, cascalho e pedras; e os atores ( Skerritt, Hurt e Cartwright ) tinham de atravessar suas extensões nos pesados e quentes trajes espaciais projetados por Foss...



 Giger esboçou projetos detalhados dos ambientes, e coube ao Diretor de Arte Les Dilley plasmá-los em modelos concretos, em escala reduzida e depois ampliada...





 Para a criação do interior da espaçonave acidentada ( e, da 'Câmara de Ovos' ) e, observando-se esse conceito de orgânico e biomecânico de Giger, foram usados gesso e ossos secos...




" ( ... ) a coisa toda é como estar-se indo para dentro de uma espécie de útero. "
Veronica Cartwright, sobre o set da espaçonave alienígena.


O 'Space Jockey'




 Foco do atual Prometheus e satanizado quando do lançamento de Alien 1979 - fanáticos religiosos depredaram e queimaram um modelo seu, em exibição pública concomitante à estréia do filme, por crerem-no 'obra do diabo' - o Space Jockey ( em port. 'Joquei Espacial' ) foi razão de sismos entre a Direção de Alien 1979 e a Fox desde sua proposição...

 A despeito da Fox considerá-lo uma 'extravagância' - construir modelo e cenário, complexos e dispendiosos para um uso tão reduzido ( restrito a umas poucas sequências! ) no filme - a Produção convenceu-a sob o argumento que isso elevaria o filme além de qualquer reducionismo - de qualquer associação aos 'filmes B'.
 Contudo, a instrução era reduzir-se custos e, assim o sendo, o conjunto foi produzido com vista de ser usado nas sequências do Space Jockey e da 'Câmara de Ovos'...



 A criatura foi montada sobre um gigantesco disco giratório...



 ...  que permitia re-posicionar-lhe segundo os takes de diversos ângulos distintos...



 Mantendo a premissa da 'sensação de gigantismo', os atores mirins voltaram à acena, e, suas diminutas estaturas, reafirmaram a ilusão.
 Uma vez pronto, Giger pintou o Space Jockey inteiramente a mão...!




A 'Câmara de Ovos'




 A produção da sequência da Câmara de Ovos foi baseada no binômio ( muito bem construído, diga-se ) entre uma maquete ( foto ) e o cenário desconstituído do da sequência do 'Space Jockey'.
 O feixe de laser, o qual Kane ( Hurt ) testa com a mão, foi um empréstimo da banda de rock britânica 'The Who', que 'passava som' no estúdio ao lado...



 O ovo de Alien que Kane inspeciona foi produzido em fibra de vidro, de modo a ser translúcido e seu interior poder ser facilmente vislumbrado...



 A 'sombra' do facehugger ( sobre o qual falarei mais adiante ) que pode ser vista no take, submersa em líquido, é, na verdade, a mão do próprio Ridley Scott, vestindo uma luva de borracha...



 O mecanismo de abertura do ovo era hidráulico, e seu conteúdo ( abjeto, diga-se ) era composto das vísceras e estômago de uma vaca.

Uma curiosidade: no primeiro material de divulgação do filme - cartaz, teaser e trailer - o ovo alienígena ainda estava em desenvolvimento; então um ovo comum - de galinha! - foi usado nos primeiros ensaios...



 ... e ficou tão bom que acabou prevalecendo! É por esse motivo que o ovo, apresentado no material de divulgação de Alien 1979 - que ecoa até nossos dias! - tem aspecto tão adverso do modelo efetivo do filme.


Ash & Ian Holm



 Ash, foi o precursor de uma nova concepção no imaginário da ficção científica: o 'ser humano artificial', ou, como viria a ser definido na sequência de 86, um 'sintético'...!

 Não tratava-se, simplesmente, de uma máquina - com endoesqueleto de metal e transistores - mas de um humano 'artificial' (!)... que comia, bebia, possuía 'sangue' e artérias...!! Ash seria o protótipo de um novo padrão na ficção científica moderna - o 'falso-homem'; em lugar de robôs e andróides mecanizados até então existentes!
 Dois conjuntos distintos foram criados para Ash Sequence ( em port. 'Sequência de Ash' ): o primeiro - para uso no take em que a criatura é decapitada - envolvia um torso mecânico, operado por baixo por um 'fantocheiro'...



 ... o segundo, incluía membros dilacerados e uma ( na verdade, duas! ) cabeça postiça ( uma delas acabou encolhendo depois da secagem, prejudicando o efeito final ), além de leite, macarrão, mármore e vidro, para englobar as 'vísceras' do robô.
 A maior parte do tempo, contudo, foi o célebre Ian Holm que ficou de joelhos sob a mesa, com a cabeça exposta e os efeitos à sua volta... Num recurso mui instântaneo, Ripley tenta, em vão, fixar a cabeça postiça na mesa... há então o 'corte' de cena, e, numa fração de milissegundos, lá está o rosto e a cabeça de Holm...



Efeito 'desfeito': Ripley tenta, por duas vezes, fixar a cabeça de 'Ash' na mesa...


... há o corte, e a cabeça postiça é substiuída pela cabeça do ator, Ian Holm, de joelhos sob a mesa...


... a sequência reinicia-se, e Holm em posição ( com leite na boca! ) 'saliva' e depois fala com Ripley.

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