15º Ato ( Post ) KING KONG, Pág. II                                                                                                                           

A     O   R   I   G   E   M



 " Na verdade, Edgar Wallace ( jornalista, dramaturgo e romancista inglês; 1875-1932 ) não escreveu Kong, nem uma só palavra sangrenta... eu lhe prometi crédito e então dei a ele. "
Merian C. Cooper (1893-1973)

 Ainda que seja mais lembrado como criador e diretor de King Kong, Cooper tem, em si, uma biografia digna de um filme: ele foi piloto, tendo combatido em ambas as guerras mundiais! Cooper conquistou nove medalhas ao longo de sua carreira militar, incluindo a 'Virtuti Militari' - a mais alta condecoração militar polaca!! Ele era tripulante do U.S.S. Missouri quando do Ato de Rendição do Japão, em 2 de setembro de 1945...




 ... testemunhando assim um dos grandes eventos históricos do Século XX!
 Alguns de seus biógrafos e historiadores especulam que foi, precisamente, durante a 1ª Guerra Mundial (1914-1918) que a inspiração para King Kong tenha-lhe chego, através de uma propaganda anti-prussiana que circulara entre as fileiras dos aliados: 




 Oficialmente, no entanto, Cooper disse que a idéia surgira-lhe em um sonho acerca de um gorila gigante que aterrorizava Nova Iorque. 

 A 'novelização' do filme foi, originalmente, publicada em dezembro de 1932, como parte de uma estratégia para sua promoção antecipada; tendo sido creditada a Cooper e a Edgar Wallace ( Nota 7: mais de 160 filmes foram inspirados em obras de Sir. Wallace - muito mais do que qualquer outro autor ). Neste ponto, cabe observar-se que, segundo Cooper, Wallace não esteve envolvido no processo de de criação de King Kong! Em uma entrevista ( de janeiro de 2010 ) o autor e ilustrador Joe DeVito disse: 'Pelo que sei, Edgar Wallace, um famoso escritor há época, morreu precocemente no processo ( referindo-se a criação de King Kong ). Se alguma coisa sua permaneceu foi pouco, mas seu nome foi mantido para sua negociabilidade ( ref. venda do projeto )... King Kong foi criação de Cooper, uma manifestação fantástica de suas aventuras na vida real.' Ao que tudo indica, Cooper creditou King Kong a Wallace afim de aumentar a projeção do filme e angariar um público maior.
 Wallace morreu em 10 de fevereiro de 1932 - dez meses antes da publicação de King Kong - de pneumonia complicada pelo diabetes.
 Outro ponto importante: a despeito dos créditos, King Kong - a novela - foi escrita pelo jornalista e escritor Delos W. Lovelace. A editora original do livro foi a Grosset & Dunlap ( Nota 8: a partir de 1960, King Kong tem sido publicado pelas editoras Penguin e Random House ).

 Cooper tinha especial fixação por palavras iniciadas pela letra 'K' ( como Komodo, Kodiak e Kodak ) e, pouco depois de escrever o documentário 'The Dragon Lizards of Komodo' ( de 1928 ) no qual referiu-se ao gigantesco lagarto como 'King of Komodo', ele teve a ideia para 'Kong' ( Nota 9: Cooper lera artigos sobre os gorilas do Congo - até chegou a imaginar uma luta entre ambas as criaturas que, no desenrolar de King Kong, viria a transformar-se na luta entre o gorila e o T-Rex - e então 'truncou' a palavra 'Congo' com o 'K' de Komodo ). Ele apaixonou-se pelo nome! Segundo ele, Kong tinha 'som de mistério'. Posteriormente, o produtor cinematográfico David O. Selznick ( 1902-1965 ) acrescentou a palavra 'King' ( do ingl. 'Rei' ) ao nome 'Kong'; resultando assim 'King Kong'.



A     C   R   I   A   Ç   Ã   O



 King Kong foi filmado em várias etapas ao longo de oito meses, em locações variadas que iam desde estúdios a até cenários reais...

 Entretanto, o maior mérito do filme foi o uso e a interação ( revolucionária há época, diga-se ) dos efeitos-especiais e criaturas ( animadas por meio da técnica de animação quadro a quadro em plasticina, também conhecida como 'Stop Motion' ) com os atores e atrizes reais! Em uma era remota à atual 'Era Digital', as técnicas envolviam dispositivos e engenhos complexos, como a projeção e a retroprojeção ( projeção reversa ou 'por trás' do cenário ) em verdadeiros 'habitats' miniaturizados, nonde os modelos em plasticina eram animados - frame a frame - em um esforço hercúleo ( ainda mais para os padrões contemporâneos ): 




 Pra se ter uma ideia, a já anteriormente mencionada luta entre Kong e o T-Rex levou 7 semanas para ser concluída!!




 É sabido que, enquanto ambas as feras lutavam, a personagem Ann Darrow ( a atriz canadense Fay Wray, 1907-2004 ) assiste a tudo agarrada a um tronco de árvore. De fato, a imagem de Wray era projetada numa pequena superfície polida ( vide ponto 'miniature projection screen' na Figura 3 acima ) em um cenário complexo, nonde as criaturas eram animadas quadro a quadro. Com efeito, a atriz teve de passar cerca de 22 horas (!!) acomodada numa árvore cenográfica em um cenário a parte, afim de poder-se obter uma captura longeva o suficiente para ser rodada enquanto o Stop Motion era produzido.
 A cena em que Kong luta contra a serpente gigante ( Nota 10: o 'elenco' de dinossauros de 'KK-33' inclui um Archeopteryx, um Stegosaurus, um Pteranodon e um Brontosaurus entre outros. O escultor e modelista Marcel Delgado baseou quase todas as criaturas do filme nos murais do Museu de História Natural de Nova Iorque, assinados pelo artista Charles R. Knight ) foi, provavelmente, a maior conquista dos efeitos-especiais do filme ( e, possivelmente, uma das maiores de todos os tempos! ) por conta de todos os elementos vistos no plano terem sido captados simultaneamente! O esforço envolveu o conjunto em miniatura; os 'puppets' de Kong e da serpente; cenários pintados sobre lâminas de vidro ( Nota 11: o conjunto em miniatura tinha uma 'selva' pintada em lâminas de vidro alinhadas uma a uma, afim de dar a ideia de uma 'floresta profunda' ); água de verdade, lama 'borbulhante' e rochas do 1º Plano; e duas retroprojeções de Wray e do ator americano Bruce Cabot ( no papel de Jack Driscoll ) respectivamente:





 É mister também acrescentar que King Kong reuniu os dois nomes mais laureados e legendários dos efeitos-especiais de todos os tempos (!), Willis O' Brien ( ganhador do Prêmio da Academia de Efeitos-Especiais, em 1950 )...




 ... e o - 'principiante', há época - Ray Harryhausen ( nomeado ao Science Fiction Hall of Fame, em 2005, e ganhador do prêmio Rondo Hatton Classic Horror Awards, em 2006 ):




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